Grupo Coral Alentejano O Sobreiro Baixa da Banheira Moita

Quem canta seus males espanta!

É talvez por isso que os alentejanos, arrancados às suas origens, mas com as suas raízes bem irrigadas pela saudade, nostalgia e pacatez da sua terra natal, continuam a cantar sozinhos ou em grupo, como faziam nos mais diversos trabalhos no campo, como a lavoura, a monda ou a ceifa, onde não era raro ver-se e ouvir-se ranchos de moços e moças que, depois de uma jornada de trabalho, muitas vezes de sol a sol, entrarem nas suas aldeias, cantando modas que continuam actualizadas e provocam curiosidade nos mais novos e saudades e nostalgias nos mais velhos.

Nas fábricas da periferia dos grandes centros urbanos para onde se deslocou uma parte da população do Alentejo, não é raro ouvir cantar alentejano, como sussurrando porque o alentejano gosta de cantar.

Sendo muitas vezes e durante muito tempo, o cante o seu único companheiro.

Foi graças a um grupo desses homens, que nasceu o Grupo Coral Alentejano O Sobreiro Baixa da Banheira Moita.

Encontraram na Sociedade Recreativa União Alentejana, uma casa de acolhimento que lhes permitiu a fundação do Grupo Coral União Alentejana, em 10.06.1982.

Ergueram então o estandarte com as cores daquela colectividade e levaram, com o canto alentejano, o nome da nossa Freguesia e do nosso Concelho, aos quatros cantos do nosso País e Estrangeiro.

As inscrições para potenciais dadores foram abertas e no dia 13 de Junho de 1992, dia da primeira reunião, já havia 13 pessoas inscritas para doar sangue. Dessas 13 pessoas foram escolhidas 5 para formar a Comissão Instaladora que tinha por missão elaborar os Estatutos e legalizar a Associação.

Um desentendimento com a sua casa de acolhimento, abalou mas não derrubou a estrutura do Grupo, que encontrou na U.D.C. Banheirense, a sua nova casa. Foi uma mais valia para esta colectividade que viu, de um dia para o outro, o seu nome promovido e divulgado de norte a sul do nosso País, com um ponto alto quando as cores daquela colectividade encheram a totalidade do ecrã da SIC, transmitindo para todo o território nacional, o cante alentejano do Grupo Coral Alentejano Saudades do Alentejo, no horário nobre da televisão.

Foram seis anos de representação com dignidade e respeito pela casa que os acolheu.

Agora, adulto e solidamente estruturado por razões diversas, o grupo entendeu que a mais valia que criava, devia reverter em benefício próprio. Assim, em 28.02.2009, criou a sua própria sede e, com ela, foi o Cante Alentejano que venceu, porque sem ele, devido às múltiplas adversidades, o Grupo não teria sobrevivido.

Em sua casa, o Grupo Coral Alentejano O Sobreiro Baixa da Banheira Moita, é reconhecido e apoiado, como sempre tem sido, pelos nossos autarcas que, como é sabido, propiciam e apoiam a criação de associações que promovam e divulguem a cultura.

O Grupo Coral Alentejano O Sobreiro Baixa da Banheira Moita tem a sua sede na Rua Alves Redol, nº 24-A, na Baixa da Banheira, e é composto em permanência por 25 a 30 elementos e o seu ensaiador de sempre, é o Sr. José Manuel de Brito, que faz também os arranjos que conferem ao Grupo, toda a sua originalidade.

A sua bandeira policolorida que se enquadra perfeitamente nas cores da sua Autarquia ostenta ao centro de fundo dourando, um Sobreiro que é o símbolo do Grupo.

Porque não me estarem a respeitar
Desliguei-me daquela gente
Para continuar a cantar
Tornei-me independente

Sou o sobreiro que não temeu
Alguém que com arrogância
Quis sugar por ganância
Aquele que tanto lhe deu
E nem sequer percebeu
Que o que eu queria era cantar
E não podia aceitar
O que tinham preparado
Então parti magoado
Por não me estarem a respeitar

Ate a minha identidade
Me quiseram roubar
Não souberam enfrentar
A situação com verdade
E com tamanha falsidade
Agindo de maneira indecente
Enganaram toda a gente
E como estava a ser maltratado
Dei o assunto por encerrado
Desliguei-me daquela gente

O grupo de homens que escolheu
A minha imagem para seu emblema
Por conhecerem o meu lema
Que é dar o que Deus me deu
Tanto eles como eu
Temos virtudes de louvar
Ambos gostamos de dar
Em grupo ou a sós
Eu fruto e pele e eles a voz
Para continuar a cantar

Apesar de robusto e temido
Não falto ao respeito a ninguém
Mas exijo respeito também
Àqueles com que eu lido
Assim sempre comigo tem sido
Pois respeito toda a gente
Mas hoje infelizmente
Para não ser enxovalhado
E poder cantar descansado
Tornei-me independente